Devido o propósito do Sindicato Patronal em rebaixar os ganhos dos trabalhadores nessa Convenção Coletiva de Trabalho o fechamento das negociações demorou mais do que devia, em comparação com o restante das negociações do setor, com a mesma data-base (1º de outubro) no restante do país. As negociações nos Estados de Santa Catarina, São Paulo e Paraná priorizaram o reconhecimento dos esforços dos trabalhadores na pandemia e mantiveram a reposição salarial de acordo com o INPC e os históricos abonos, como também a manutenção e preservação das cláusulas sociais. Sendo que o processo de negociação e o fechamento dos acordos foram mais rápidos do que os anos anteriores.
As empresas de Guaíba, representadas pelo Sindicato Patronal, desde o início das negociações, tentaram diminuir o valor do abono salarial e por último não reajustar o valor do abono. A intenção foi de tentar baixar o custo do resultado da negociação, ou seja, de alguma maneira desvalorizar os trabalhadores pelos seus ganhos e por consequência reduzir o orçamento das empresas nas costas dos trabalhadores.
Infelizmente isso ocorreu mesmo com todo o empenho dos trabalhadores em colaborar na implementação e manutenção dos protocolos, em razão da covid-19, pois as empresas desde o início da pandemia não pararam as suas atividades. A Celupa/Melitta está fazendo um grande ano de lucratividade, com aumento de vendas, superou todas as expectativas. De março a dezembro solicitou aos trabalhadores um novo acordo de turnos para não parar mais nos fins de semana e seus funcionários colaboraram.
A SANTHER está superando em quase 33% o EBITDA previsto para o ano de 2020, ou seja, está aumentando seu lucro. A CMPC – Celulose Riograndense, grande exportadora de celulose, está mantendo sua alta lucratividade, tem obtido recordes de produção e sendo favorecida grandemente com a alta do dólar.
O SINPACEL-RS se manteve firme para garantir a valorização dos trabalhadores e os trabalhadores prontos para recusar qualquer proposta que lhes retirassem direitos. Foi realizado um Ato em frente à Celupa/Melitta, onde os dirigentes sindicais informaram aos que estavam chegando para o trabalho sobre o andamento das negociações e a recusa de qualquer proposta que não mantivesse os ganhos dos trabalhadores. O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, estava presente e manifestou sua solidariedade e disposição da CUT-RS em fortalecer a campanha salarial dos trabalhadores de Guaíba. Outro ato estava programado em frente à empresa CMPC – Celulose Riograndense, sendo que o patronal retrocedeu e fez uma proposta condizente para aprovação dos trabalhadores.
Proposta Patronal Aprovada no dia 20/11/2020 em votação nas fábricas:
• Reajuste salarial de 3,89% (INPC) em parcela única para os trabalhadores das empresas Celupa/Melitta e CMPC Celulose Riograndense e de forma parcelada para os empregados das empresas Santher e Softys, sendo 2,89% em 01/10/2020 e 0,97% em 01/02/2021.
• Abono de R$ 2.036,24 em parcela única aos empregados da Celupa/Melitta e CMPC - Celulose Riograndense e em duas parcelas iguais para os empregados das empresas Santher e Softys, sendo a primeira até 31/12/2020 e a segunda até 28/02/2021.
• Piso salarial de R$ 1.412,40 a partir de 01/10/2020 para os empregados das empresas Celupa/Melitta e CMPC – Celulose Riograndense e de R$ 1.399,20 a partir de 01/10/2020 e R$ 1.412,40 a partir de 01/02/2021 para os empregados das empresas Santher e Softys.
• Aplicação dos respectivos reajustes em todas as cláusulas de conteúdo econômico.
• Vale Mercado de R$ 290,00.
• Instituição da cláusula de Auxílio Filho Excepcional no Valor mensal de R$ 900,00.
• Manutenção de todas as demais cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho anterior.
QUAL A RAZÃO DAS EMPRESAS PAGAREM O ABONO SALARIAL NA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO?
Na década de 1990 em Guaíba as empresas pagavam um valor maior nas horas extras, sendo as duas primeiras horas extras a 75% e as demais a 100% na extensão da jornada de trabalho. Além disso, o adicional de férias era de 80%. O abono na Convenção Coletiva veio para substituir essas conquistas, pois para as empresas é mais vantajoso em razão da diminuição dos encargos trabalhistas.
Durante todos esses anos se mantém o abono em substituição a essas vantagens. Qualquer diminuição do valor do abono ou mesmo a retirada do seu reajuste, deve vir acompanhado de algum avanço para os trabalhadores, pois essa troca tem seu sentido e seu histórico.
COMPARAÇÃO E CONTEXTOS HISTÓRICOS DO TAMANHO DAS EMPRESAS
Na década de 1990 as empresas tinham todos os trabalhadores como funcionários diretos, não existia a terceirização. O exemplo da CMPC – Celulose Riograndense é bem significativo, pois não época (quando era a Riocell) dos avanços de ganhos para os trabalhadores a capacidade de produção da empresa era em torno de 300 mil ton./ano, hoje já pode chegar a 2 milhões de ton./ano e a maioria de seus funcionários são terceirizados.
O Brasil é o 2º maior produtor de celulose no mundo, já ultrapassou a China e o Canadá, só atrás dos EUA. Em relação à celulose de fibra curta é o maior produtor e exportador mundial. Tem o menor custo mundial em produção de celulose, sendo suas plantações de árvores as mais produtivas do mundo, suas fábricas de excelência operacional, altamente tecnológicas e consideradas referencias em sustentabilidade, produtividade e inovação. Em relação à produção de papel, o Brasil é o 8º no ranking mundial.
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