A greve geral parou o país. Movimentação de dimensão nunca vista tomou todo o território nacional, com centenas de categorias que cruzaram os braços nos 26 estados e no Distrito Federal, dispostas a barrar as reformas de Temer. Linhas do metrô, ônibus e trens não circularam, estradas foram bloqueadas e avenidas trancadas. Por todo o Brasil, a união para muitos, inédita, do sindicalismo brasileiro e dos movimentos sociais, Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, junto a setores significativos da Igreja Católica e outros segmentos, conseguiu produzir um movimento de que não se tem notícia, pelo menos não desde 1917, quando ocorreu a primeira greve geral do país.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ainda pela manhã, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu o sucesso da greve a uma maior conscientização dos brasileiros sobre os impactos das mesmas reformas com que Temer está destruindo a nação. Para Lula, o movimento de hoje mostra a força do movimento sindical. "A greve teve adesão da dona de casa, dos trabalhadores do pequeno comércio. O movimento sindical e o povo brasileiro estão fazendo história", destacou.
Em entrevista à CartaCapital, antes mesmo de ser possível fazer um balanço mais completo da greve, o presidente da CUT, Vagner Freitas, lembrou que senadores, como Renan Calheiros (PMDB-AL), têm afirmado que a reforma trabalhista tal como foi aprovada na Câmara não passará no Senado. Freitas anunciou a intenção dos trabalhadores de se reunir com senadores e líderes para conversar, mas também para avisar da disposição de "enfrentar todos aqueles que estiverem a favor dessa reforma". Mas, apesar da disposição de conversar, "nosso campo de batalha é a rua", avisou.
O sociólogo Laymert Garcia dos Santos considerou impressionante, na greve geral, a união e capacidade de organização de sindicatos, centrais e movimentos sociais. Como se poderia esperar, todo esse gigantesco movimento no país inteiro foi vergonhosamente ignorado pela mídia tradicional brasileira, notória aliada e partícipe do golpe parlamentar que tirou Dilma Rousseff definitivamente do poder em 2016.
A greve geral no Brasil atingiu proporções internacionais. "A hashtag #BrasilEmGreve se posicionou em primeiro lugar dos assuntos mais falados na rede social Twitter em todo o globo, desde as primeiras horas do dia 28 de abril. Os ataques contra o povo brasileiro, por parte do governo e do congresso, está servindo para aproximar os sindicatos e centrais sindicais, que antes divergiam politicamente, por conta das diferenças ideológicas. No Rio Grande do Sul, mais de 40 grandes fábricas, de todos os seguimentos, foram paralisadas durante a greve.
Créditos para: Redação RBA publicado 28/04/2017
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